O novo Altima passou a maior parte de sua gestação nas pistas do Arizona Test Center. O sedã premium chega ao mercado brasileiro só em dezembro, e vai ser uma das poucas novidades na marca este ano, já que principal foco da Nissan está na construção de sua nova fábrica no Rio de Janeiro. Ele deverá chegar na faixa dos R$ 105 mil, com alta carga de impostos por conta da importação dos Estados Unidos. Por isso mesmo, ele entra naquela lista de carros que precisam agradar em muitos quesitos para atrair o interesse do público. E, ao menos no que diz respeito a conforto, o carro aproveitou muito bem a estadia no Arizona.Não à toa, muito do que se vê e sente no Altima transmite um quê de Infiniti, marca de luxo da grupo Nissan. Grande parte da inspiração está na simplificação de alguns elementos na tentativa de transmitir um ar mais sofisticado sem gastar muito. O interior do carro trocou o excesso pelo funcional. Não há extravagância em termos de texturas ou detalhes, mas a elegância das linhas e o equilíbrio de cores torna o acabamento superior ao Altima antigo, aproximando mais o modelo de seus mais estabelecidos compatriotas japoneses concorrentes. O espaço interior é generoso tanto na fileira dianteira quanto na traseira, e o conforto só não é mais acentuado pela falta de mais porta-objetos – e mais bem localizados.Mas há muito mais de Infiniti dentro da nova geração do Altima. A suspensão traseira multibraços e os amortecedores ZF Sachs, por exemplo, vieram diretamente dos carros premium. Justamente por isso, o controle do sedã ficou muito mais suave, com direito a correções automáticas da traseira em curvas em alta velocidade. A característica é acentuada pelos bancos dianteiros, desenvolvidos com ajuda da Nasa para criar uma sensação de “gravidade zero”, segundo a Nissan. Isso ao alterar levemente a posição de dirigir, promovendo suporte ao tórax e à bacia, e utilizar uma espuma com melhor suporte para distribuir igualmente a deformação do assento.
Mas toda essa suavidade... perde a graça. Pode soar estranho, mas o excelente trabalho de eliminar os efeitos externos e de rodagem para o motorista acabou criando um sedã que também elimina toda a sensação de estar dirigindo. O excelente volante com direção eletro-hidráulica responde muito bem, mas não transmite em nada a resposta do solo. É como dirigir constantemente sobre um tapete, o que também acaba tirando – e muito – a sensação de estar em alta velocidade. Por sua vez, o controle ativo de subesterço (ACS) é capaz de gerenciar o sistema de tração e frear as rodas dianteiras, enquanto ajuda a manobrar adequadamente o carro em uma curva ou trevo, não importa se a pista esteja seca ou molhada. Então fica mais difícil saber se você está “perdendo a mão” do carro ou não.O novo câmbio Xtronic CVT que virá de série é outro exemplo: criado para trabalhar na rotação ideal e até interpretar – pelo movimento dos pedais de acelerador e de freio – a hora certa de oferecer mais ou menos torque, o sistema reforça a impressão de que o Altima está o tempo todo fazendo o esforço que não quer que você faça. O que não é em nada ruim, a não ser pelo fato de não haver maneira de assumir o controle do processo. Pisar fundo no acelerador não vai dar aquele efeito kickdown esperado, e não há qualquer maneira de o motorista reduzir a marcha manualmente caso queira fazer uma retomada. Claro que o motor responde quando é exigido, mas é de um jeito... suave demais. A Nissan informa que as relações de marcha foram expandidas em 20% até 7.0:1, o que também exige menos aceleração para colocar o sedã de 4,86 metros em movimento.
O motor é um 2.5 de 182 cavalos de potência e 24,8 kgfm de torque, que realmente não faz juz ao porte do carro. Essa é a versão que a Nissan escolheu para trazer ao Brasil, frente a V6 3.5 de 273 cv que também é vendida nos Estados Unidos. O bloco menor prioriza a economia (só o novo Xtronic, diz a Nissan, reduziu em 15% o consumo) e faz o carro parecer mais pesado do que realmente é, além de não parecer uma boa escolha para um modelo que terá de enfrentar o Ford Fusion pela atenção do público.O novo Altima também carrega três novas tecnologias de segurança. Na verdade, trata-se apenas de uma, mas que foi habilmente aproveitada para criar três sistemas diferentes similares aos que já podem ser encontrados em modelos concorrentes. Com uma atualização no sistema de câmera traseira do sedã (que exibe suas imagens na tela multimídia do console central), agora o equipamento é capaz de avisar sobre carros e motos que estejam em movimento nos pontos cegos do sedã, alertar o motorista no caso de o carro começar a sair inadvertidamente da faixa de rolagem e até mesmo informar sobre pessoas se movimentando atrás durante uma manobra de marcha à ré, mesmo que elas estejam fora do ângulo de visão da câmera.
Mesmo com todas as inovações, a Nissan não aposta alto: projeta uma venda de 120 unidades por mês. Os japoneses creditam que o Altima servirá mais como vitrine para a tecnologia e sofisticação que a marca também desenvolve em seus carros. Para o departamento de vendas, está evidente que quem entrar em uma concessionária da marca atrás de um sedã estará interessado no Versa ou no novo Sentra, que também chega no fim do ano.
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