segunda-feira, 28 de maio de 2012

Arquivo da tag: entrevista COMANDANTE GUSMÃO FALA SOBRE O AIRBUS A340


Você votou e nós atendemos. Confira abaixo a entrevista que realizamos com o Comandante Gusmão a partir de questões enviadas pelos fãs da nossa FanPage no Facebook e saiba mais sobre o Airbus 340.

Marlon Grafe: Quais são as principais diferenças entre uma cabine de comando do A330 e do A340?
A Airbus, fabricante do A340, possui uma família de aeronaves 300, que são os A310, A320, A330, A340 etc., e todas elas foram idealizadas com layouts muito semelhantes. Dessa forma, dentro da cabine do A340, se prestarmos bastante atenção, é possível observar as sutis diferenças que existem entre esse modelo e os outros da Airbus. Mesmo assim, a semelhança é muito grande. O objetivo disso é facilitar os treinamentos de transição dos pilotos para a condução das diferentes aeronaves da fabricante, principalmente quando a empresa aérea tem mais de um avião da família Airbus, como em nosso caso, por exemplo. Dentro do cockpit do A330 e do A340, as distinções são pequenas. A principal diferença reside no fato de que o A330 é um avião com dois motores, enquanto o A340 possui quatro motores.

Igor Felice: Gostaria de saber como é a estabilidade e a manobrabilidade do A340 devido às suas grandes dimensões.
Apesar de o tamanho impressionar bastante, essas aeronaves foram desenhadas com computadores que auxiliam os controles de voo para a manobra do avião. Sendo assim, apesar do tamanho, é muito fácil manobrar o A340, mesmo quando pilotado manualmente, sem o auxílio do piloto automático.

Paulo Mendes: Quantos comissários de bordo operam nessa aeronave é como é a divisão de comissários?
O A340 opera com 12 comissários. Essa quantidade é devido ao fato de o A340 operar voos internacionais de longa duração. Além disso, esse número está de acordo com a legislação brasileira específica para quem trabalha a bordo – os aeronautas -, e é determinado em função da duração das jornadas de trabalho desses funcionários. Para esclarecer, o número mínimo de comissários, de acordo com a lei, deve ser proporcional à quantidade de passageiros a bordo entre outros itens.

Ricardo Drummond: Qual o consumo na decolagem até atingir a altitude e velocidade operacional e qual o consumo na aterrissagem?
O A340-500 da nossa frota pode consumir, entre o processo de decolar, subir e começar a fazer voo de cruzeiro, cerca de 14 mil kg de combustível. Basicamente, desde a decolagem e até atingir a altitude inicial de cruzeiro, ele gasta de 7 a 8 mil kgs de combustível, dependendo da altitude inicial e do peso do avião.

Julio Cesar Lourenzon: Este avião pode pousar em todas as Capitais Brasileiras, digo, nos aeroportos destas Capitais?
Não. Em função das características de peso da aeronave, nem todos os aeroportos brasileiros podem receber o A340-500. Atualmente, aqui no Brasil, a nossa operação com esse avião se restringe ao aeroporto internacional de São Paulo (GRU) e ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro (GIG).

Debora Bassanezi: Deixando as perguntas operacionais de lado, me diga, todo voo é uma emoção diferente? (Obs: Moro em Caxias do Sul e diariamente as aeronaves sobrevoam minha casa. Moro neste endereço há 25 anos e meu encantamento é cada dia maior!)
Naturalmente sim, porque você acaba interagindo com pessoas diferentes e com colegas de trabalho diferentes. Claro que eu conheço muitos deles, mas, de qualquer forma, nunca é a mesma equipe, né? Também tem outra coisa: voamos em situações muito diferentes. Em certo dia estamos voando com tempo bom, uma noite de lua cheia que deixa tudo muito bonito lá no alto, e tem dias que você está em condições de tempo encoberto, com chuvisco, às vezes com neve em outros países que a gente opera. Tudo isso traz emoções e situações diferentes. E as formas de lidar com essas situações são diferentes também. Aviação nunca é a mesma coisa! Embora pareça.

TAM: E nos conte, comandante, qual é a sensação de pilotar uma aeronave grandiosa como o A340?
A sensação é de realização por ser um ser humano capaz de aprender a operar essas máquinas. Naturalmente que ninguém começa a carreira operando um avião desse porte. Como em qualquer atividade da vida, todo mundo começa pelas situações menos complexas, mais fáceis de lidar e depois vai evoluindo. Mesmo assim, apesar de não ser um salto profissional que sai do zero para o 100, mas gradual, quando você opera uma máquina do porte do A340, é sempre uma satisfação muito grande para a pessoa, para um profissional do ramo.

TAM: Qual é a principal diferença que podemos sublinhar entre pilotar essa e outras aeronaves?
A diferença principal entre as aeronaves de maior e menor porte é a velocidade que as maiores operam. Ao longo da carreira, no entanto, nós aprendemos a lidar com isso, já que para pilotar essas grandes aeronaves é necessário sempre se programar e se antecipar aos fatos, porque nelas tudo ocorre muito rápido. Claro que ela não sai na mesma velocidade que voa lá em cima e nem chega ao aeroporto com a mesma velocidade. De qualquer forma, as velocidades de saída, de decolagem e de pouso são muito mais altas se comparadas aos aviões menores.

Marcelo Arantes: Qual o grande diferencial desta aeronave em relação às suas concorrentes e a outros modelos da própria Airbus?
O modelo 340, série 500, foi desenhado para fazer etapas de voo de muito longa duração. Etapas típicas de 15 e 16 horas de voo. Esse é seu grande diferencial, embora atualmente também existam aeronaves de outros fabricantes, como as da Boeing, preparadas para isso. A demanda por quadrimotores, caso do A340, não tem sido muito grande e, por isso, eles foram fabricados em número mais reduzido, mas basicamente o diferencial dele é este: operar voos de longa duração. Não é a única diferença, mas é a principal em relação a outros aviões, até mesmo em relação àqueles da própria da família Airbus.

Paulo Ricardo Pillati Junior: Qual é a capacidade de passageiros dessa aeronave?
O A340 transporta até 267 passageiros, distribuídos em 225 passageiros na classe econômica e 42 na classe executiva.

Antônio Lepri Morandin: Qual o ângulo formado entre solo e a “linha imaginária” quando o avião A340 decola?
Quando decolamos com o A340, para poder sair do chão com essa aeronave, formamos um ângulo de 12,5° até 15° acima do horizonte. Para esclarecer melhor, a linha imaginária, na verdade, não é imaginária, mas real. Isso porque, quando você decola, ou quando está na praia, por exemplo, é possível enxergar a linha do horizonte. Então, quando o avião está em solo, a linha formada entre ele e a linha do horizonte é zero, como quando o automóvel está na rua, por exemplo. Para a decolagem, precisamos aumentar o ângulo do avião para ele poder sair do chão e voar. Esse ângulo, no caso do A340, é de 12,5° a 15° positivos, acima do horizonte.

João Vitor Bressali: É preciso quantos metros de pista para o A340-500 pousar com segurança?
Normalmente, como falamos antes, tudo depende do peso da aeronave, que varia em função da quantidade de passageiros e da quantidade de carga que ele carrega. No entanto, é possível pousar essa aeronave com segurança em uma pista de aproximadamente 1.800 metros.

TAM: Comandante, você poderia explicar por que algumas aeronaves têm 2 motores e outras têm 4?
Um fator determinante já há muito tempo é o fato de que, para realizarem seus voos, as aeronaves de dois motores precisariam ter, a mais de 60 ou 75 minutos de seu ponto de partida, um ponto de apoio para aterrissagem no caso de haver um problema qualquer. Sendo assim, as aeronaves de três e quatro motores eram empregadas em tais situações e em voos que precisavam cruzar regiões oceânicas ou áreas remotas sem aeroportos de apoio. Era uma necessidade. Mas de uns anos para cá, foram experimentadas aeronaves de dois motores para voos dessas dimensões e detectou-se um aumento da confiabilidade dos sistemas operacionais de tais aviões. Por conta disso, as autoridades aeronáuticas ao longo do mundo passaram a autorizar e permitir que os voos pudessem ser feitos com aeronaves de dois motores, que consomem menos combustível.
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