segunda-feira, 15 de abril de 2013

Venezuela: oposição e governo trocam denúncias ao final da eleição.


Oposição e governo trocavam acusações na noite deste domingo, a espera dos resultados da eleição que apontará o sucessor de Hugo Chávez na presidência da Venezuela.
"Alertamos o país e o mundo sobre a intenção de mudar a vontade expressada pelo povo" venezuelano, escreveu o candidato opositor Henrique Capriles no Twitter.
"Exigimos da reitora Tibisay Lucena (do Conselho Nacional Eleitoral) o fechamento das seções eleitorais. Estão tratando de votar com as seções fechadas! - denunciou Capriles.
O secretário-executivo da coalizão opositora MUD, Ramón Guillermo Aveledo, advertiu o governo: "sabemos perfeitamente o que ocorre e eles também sabem, de modo que o chefe da campanha governista tem consciência de que engana o povo".
O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, reagiu advertindo que Capriles e a oposição devem ter "muito cuidado" com as denúncias. "Vamos ter consciência e respeitar o povo, nossos filhos e filhas, nosso futuro".
"Se vocês têm algum tipo de denúncia, aqui há instituições, há o Conselho Nacional Eleitoral. Oxalá isto seja (a denúncia) porque 'hackearam' a conta de Capriles como 'hackearam' a do presidente Nicolás Maduro", disse o vice-presidente.
O chefe da campanha 'chavista', Jorge Rodríguez, qualificou a denúncia de Capriles de "provocação" e "expressão da permanente agressão contra a institucionalidade democrática venezuelana".
Rodríguez convocou os eleitores para uma 'concentração' diante do Palácio Presidencial de Miraflores, onde os chavistas costumam comemorar suas vitórias, para ouvir Maduro após a divulgação dos resultados.
Mais cedo, Rodríguez havia denunciado um ataque de hackers "à conta do nosso presidente (interino), candidato da pátria e filho de (Hugo) Chávez, Nicolás Maduro, e à conta do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV)".
A ação "é mais uma amostra do grande desespero (da oposição) e queremos fazer um apelo ao comando antichavista para que conserve a calma, que na democracia se ganha e não se perde", disse Rodríguez, atribuindo o ataque a "inescrupulosos e promotores da guerra suja elaborada a partir de Bogotá".
No sábado, Maduro denunciou uma "guerra suja que fazem a partir de Bogotá contra a paz na Venezuela, contra minha pessoa e contra o presidente".
Maduro acusou o assessor político venezuelano Juan José Rendón de dirigir um "grupo de guerra suja para envenenar o clima eleitoral e inocular ódio que provoque violência na Venezuela". J.J Rendón, como é mais conhecido, assessorou os presidentes venezuelanos Carlos Andrés Pérez e Rafael Caldera durante suas campanhas vitoriosas para as eleições de 1987 e 1993.
A troca de acusações ocorre ao final de uma jornada qualificada de "total tranquilidade" pelas autoridades eleitorais, após o início do fechamento das urnas, às 18h00 local (19h30 Brasília).
"O processo eleitoral se desenrolou com total normalidade, com total tranquilidade", disse a funcionária do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Sandra Oblitas, em entrevista coletiva minutos antes do fechamento das urnas.
No total, 19 milhões de venezuelanos estavam habilitados a votar neste domingo para eleger entre o 'chavista' Nicolás Maduro e o opositor Henrique Capriles o sucessor de Chávez, que permaneceu 14 anos no poder até ser derrotado por um câncer, em 5 de março passado.
Capriles votou no bairro de Las Mercedes em Caracas pedindo aos eleitores que denunciassem qualquer "atropelo" e garantindo que "os abusos" seriam derrotados com votos, em alusão as supostas irregularidades cometidas pelos governistas.
Maduro votou no oeste de Caracas confiante na vitória do 'legado de Chávez' e prevendo um "recorde de participação".
"Senti uma grande emoção durante todo o dia, uma grande tranquilidade, uma grande paz de espírito, tenho grande confiança nas pessoas, (...) tenho confiança infinita no que ele plantou, no que ele fez. Votei em sua memória".
"Serei presidente da República nos próximos seis anos, em nome do meu comandante Hugo Chávez". "Muitas coisas ficaram para ser feitas. A história continua, o povo é a garantia. Ele nos deixou seu legado, seus sonhos pendentes".
Maduro aguarda o resultado no "Quartel da Montanha", onde estão os restos mortais de Chávez.
Os dois candidatos mantiveram um discurso mais agressivo e esse tom mais elevado evidenciou a divisão social que reina no país, alimentada nos últimos anos pelo discurso polarizador de Chávez, que traçou uma linha divisória entre ricos e pobres e decidiu que quem não estava com ele, estava contra ele.
Além da reconciliação nacional, o próximo presidente, que governará até 2019, enfrentará o desafio de uma economia totalmente dependente da renda petroleira e atingida pelo déficit público, a inflação, queda violenta da produção, a escassez generalizada e a seca de divisas, fora a insegurança que reina no país, com 16.000 homicídios em 2012, a maior taxa da América do Sul.
Cerca de 170 organizações internacionais acompanharam o processo eleitoral, entre elas o Centro Carter.

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